Esse post não será mais atualizado nesse blog. Para visualizar esse post em seu novo endereço, acesse:
http://milaneze.com.br/post/2008/02/09/Eric-Is-God.aspx
Acabo de ler o livro "Eric Clapton - A Autobiografia", um grande livro! Não só no seu tamanho (em torno de 400 páginas), mas também pelo seu conteúdo, onde meu chará conta toda sua história, sem drama ou suspense. Isso faz dele um livro bem limpo, pois ele não pretende prender o leitor através de certos artifícios, mas sim pela própria história em si.
Para quem, assim como eu, gosta de Eric Clapton, de praticamente todo mundo que começou a carreira nos anos 60 (como os Beatles e os Rolling Stones), pra quem gosta de blues ou de música em si, pra quem gosta de tocar, enfim... esse livro é maravilhoso! Mostra muito do que o "deus da guitarra" passou, o alcoolismo, os problemas com as mulheres, a morte dos seus filhos, a inspiração pra escrever suas músicas, suas parcerias com outros músicos e por aí vai.
Um trecho que ele escreveu no livro parece muito com o que eu penso, na verdade me identifiquei muito com o livro, mas gostei bastante mesmo dessa parte:
"A cena musical como a vejo hoje é pouco diferente de quando eu estava crescendo. Os percentuais são aproximadamente os mesmos: 95% de lixo e 5% puro."
Que "bom" que sempre foi assim, me sinto mais aliviado. Eu achava que antes fosse melhor, na verdade ainda acho. Pensando bem, acho que o que eu conheço hoje do passado é o que teve força para ficar. Uma vez minha tia disse que tem muita coisa boa na música hoje em dia e que eu só vou perceber isso daqui uns 10 anos. Talvez até seja verdade isso, pois o que eu escuto hoje em dia é tudo de ruim e tudo de bom ao mesmo tempo (os 100%). Fica difícil encontrar os 5% de bom no meio de tudo.
Daqui 10 anos ainda vai tocar um pouco do que toca hoje, ou seja, o que é bom. Sempre foi assim, a música boa é atemporal, outras podem até ser boas também, mas estão muito no contexto de uma época e ficam presas a ela. O próprio Paul McCartney disse isso de algumas das suas músicas nos Beatles. Nada contra quem gosta de Linkin Park, mas não os vejo sendo tocados daqui 10 anos, aliás, alguém ainda ouve Linkin Park? Mas da pra imaginar um natal sem "Happy Xtmas" do John Lennon em inglês ou até numa versão em português? Então daqui um tempo quem sabe a gente veja o que era bom hoje e a mídia sobrepôs com todo o lixo possível (não estou falando do Akon ¬¬).
Voltando ao livro do Eric Clapton, é interessante ele assumir sua inspiração para escrever as músicas. Geralmente outros "grandões" da música escondem isso, mas talvez seja verdade em alguns casos. Enquanto George Harrison fala que "Something" é só uma música e não tem nada a ver com Pattie, o Eric escreveu um álbum praticamente inteiro inspirado nela. Engraçado o próprio John Lennon ter dito uma vez a um hippie que estava rondando sua casa que o que ele fazia era simplesmente colocar uma letra na música e pronto, não significava nada. Até Layla do Eric Clapton tinha a ver com Pattie.
Eu tinha uma certa desconfiança antes de que "Tears In Heaven" não fosse somente inspirada no filho morto do Eric Clapton, porque dá a entender que antes da partida para o paraíso houve um certo sofrimento e como poderia haver isso com uma criança que está só começando a vida? Mas para saber toda a inspiração pra escrever essa música, só lendo mesmo o livro, que mais uma vez eu digo: é um grande livro!